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Sindicato debate ‘violência obstétrica’ na próxima quarta

A servidora, sua filha, sua mãe, irmã, prima, sua colega de trabalho, amiga, vizinha, conhecida, qualquer mulher, enfim, já foi vítima da ‘violência obstétrica’.

O termo é pouco conhecido, mas muitas mulheres passaram, passam ou passarão por esse tipo de agressão, que pode ser física ou verbal, durante um ou mais longos períodos da vida da mulher.

São xingamentos, recusa de atendimento, intervenções e procedimentos médicos não necessários, como exames de toque a todo instante, ampliações do canal do parto ou cesáreas desnecessárias.

Esses são apenas alguns exemplos. Mas há muitos outros, inclusive nos locais de trabalho e em casa mesmo, durante a gestação, o parto, o nascimento, e o pós-parto.

O assunto será debatido na sede do sindicato, na próxima quarta-feira (27), às 14 horas, em alusão ao dia internacional da mulher, comemorado em 8 de março.

No mesmo dia, às 16 horas, haverá uma atividade de ‘escrita criativa’, orientada pela escritora, Sylvia Manzano. Segundo ela, trata-se de uma oficina é lúdica com o objetivo de integrar e relaxar.

“Estimulamos a relembrança da infância para socializar experiências e para que cada uma encontre o eu interior através da produção de texto”, diz ela.

O evento é organizado pelo coletivo ‘8M Praia Grande’, integrado por Vera Aparecida de Oliveira, Natália Camargo e várias mulheres da cidade preocupadas com as causas sociais.

 

Praia Grande, uma cidade conservadora

“Praia Grande é uma cidade conservadora, com uma administração pública que não se preocupa com a população carente, justamente a que sofre mais agressões obstétricas”, diz Vera.

Segundo ela, o grupo resolveu ajudar principalmente as mulheres da periferia a refletir sobre a situação em que vivem. “No dia a dia, a preocupação maior é com a sobrevivência”.

“Elas têm pouco tempo na vida enquanto pessoas e cidadãs. Às vezes, não têm tempo nem de ir ao serviço de saúde e exigir um atendimento de qualidade, diz Vera”.

 

Solidariedade para uma vida melhor

O grupo oferece espaços para reflexão, artesanato, dança coletiva, produção de textos, desenhos, poesias e ao mesmo tempo debate sobre a questão da mulher.

Segundo ela, o movimento tem mulheres de vários segmentos da cidade, que lutam por saúde, educação, acesso às artes e outros direitos sociais. São cerca de 30 participantes.

“Não somos mulheres individualistas”, diz Vera. “Fortalecemos as pessoas que se preocupam com outras pessoas. Nosso lema é a solidariedade, a ação coletiva para uma vida melhor a todos”.

 

‘Somos donas do nosso próprio corpo’

Segundo Natália, a atividade no sindicato abordará um problema que atinge uma em cada quatro mulheres: “A cultura dominante é de que a mulher não tem direitos sobre o próprio corpo”.

“Nem na gestação somos respeitadas. O corpo parece ser de todos, menos da própria mulher”, finaliza Natália, que é doula (assistente de parto) e terapeuta holística.

 

Veja a programação completa na página do evento no facebook

 

 

Jornalista: Paulo Passos