Três presidentes de sindicatos de servidores municipais da baixada santista (SP) criticam o congelamento salarial do funcionalismo de todo o país por 18 meses, aprovado sábado (2) no senado.
Fábio Marcelo Pimentel, de Santos, Adriano Roberto Lopes da Silva ‘Pixoxó’, Praia Grande, e Zoel Garcia Siqueira, Guarujá, são contra a medida, que deverá ser votada na câmara nesta semana.
“Para os bancos”, diz Fábio, “o governo liberou, em março, R$ 1 trilhão e 216 bilhões. Com o ataque aos servidores, ele espera economizar R$ 130 bilhões. Tem justiça uma medida dessas?”.
Pixoxó defende que, “em vez de congelar os salários do funcionalismo por um ano meio, os políticos deveriam cortar na própria carne, acabando com as mordomias nos três poderes”.
Para Zoel, a medida “revela o caráter nefasto do presidente Bolsonaro, sua equipe econômica e os políticos que gravitam ao seu redor. Lamento que tenham apoio de muitos servidores”.
Distribuição de riqueza resolveria os problemas
A aprovação pelo senado do substitutivo aos projetos de leis complementares do executivo 149-2019 e 39-2000 causou debates no sábado e terá o mesmo efeito na câmara.
“Infelizmente”, diz Fábio, “a matéria deverá ser aprovada pelos deputados por causa do acordo de Bolsonaro com o ‘centrão’, do qual faz parte o presidente da câmara, Rodrigo Maia (DEM)”.
O sindicalista lamenta que “o valor dos cargos oferecidos ao ‘centrão’ pelo presidente equivalha à economia com o congelamento dos salários dos servidores municipais, estaduais e federais”.
Pixoxó entende que “os gastos públicos com benefícios e penduricalhos de tudo que é espécie nos poderes executivos, legislativos e judiciários de todas as instâncias deveriam ser cortados”.
“Aí sim”, justifica o dirigente, “teríamos uma economia que certamente seria capaz de matar a fome de milhões de brasileiros e de combater a covid-19, usada para justificar o congelamento”.
Zoel insiste na “distribuição de riquezas, em vez de restrições salariais, para erradicar toda miséria do país. Os lucros dos bancos não combinam com a situação deplorável em que vive a maioria do povo”.
Ele cita também “o pagamento de juros da dívida pública, que consome aproximadamente R$ 1 trilhão e meio do orçamento federal por ano. Isso não tem cabimento”.
Datas-bases em fevereiro, abril e maio
Sobre o congelamento dos salários dos servidores municipais, Fábio, Pixoxó e Zoel adiantam que recorrerão administrativa e judicialmente para evitar prejuízos aos trabalhadores.
Os 12 mil servidores de Santos têm data-base em fevereiro e ainda não obtiveram o reajuste anual. Fábio diz que a lei a ser aprovada nesta semana não tem efeito retroativo.
O mesmo argumento é usado por Pixoxó para os 12 mil servidores de Praia Grande, com data-base em maio: “Exigiremos a correção salarial por meio de mobilização da categoria e judicialmente se necessário”.
Zoel diz que, “graças a Deus”, os seis mil servidores de Guarujá, com data-base em abril, tiveram correção de 5,31%. “Mas já estamos pensando na campanha salarial de 2021”.
Redação: Paulo Passos MTb 12.646-SP, matrícula sindical SJSP 7588.